segunda-feira, 26 de outubro de 2009

História do Miriti

Achual, aguaje, buriti, palmeira-do-brejo, palmeira-buriti, pibâche são nomes populares da planta Mauritia flexuosa L., a palmeira de miriti utilizada no artesanato de Abaetetuba. Mas a planta, chamada pelos moradores da cidade de "abençoada árvore de miriti", tem várias outras utilidades.
O Miriti – Belo, singelo e muito representativo da realidade regional, o artesanato de miriti ou buriti faz parte da cultura e do cotidiano dos paraenses, figurando com mais intensidade em Belém, durante o Círio de Nazaré, na feira do Ver-o-Peso e nas portas do Museu Emílio Goeldi e do Bosque Rodrigues Alves. A matéria-prima do artesanato é extraída da palmeira Maurita flexuosal, conhecida vulgarmente pelo nome de miritizeiro ou buritizeiro, abundante nas matas ciliares, várzeas e margens dos igarapés da região.O vegetal tem várias utilidades: fornece palha para cobrir cabanas; broto ou grelo para produzir envira, fibra que serve para tecer maqueiras (redes artesanais), tapetes e bolsas; a tala tirada das folhas serve para fazer paneiros, tipitis, cestos, balaios e, ainda, brinquedos de formas variadas, como cobras, pombinhas, soca-socas, barcos, araras, jacarés e tatus, inclusive miniaturas diversas.



O Fruto

A fruta, o miriti, serve como fonte de alimento vitamínico, degustada com farinha e açúcar. É utilizada ainda para produzir licor e vinho e também para agüar o tradicional mingau de farinha d’água ou de arroz. Do fruto ainda se extrai a tinta para pintar brinquedos e quadros.Os frutos podem ser colhidos diretamente da árvore, ou recolhidos no chão. O miriti é rico em pró-vitamina A. O oléo de Miriti ou Buriti pode também ser usado como protetor solar.

A Arte com o Miriti

Os artistas, com ferramentas rústicas (normalmente facas e facões), esculpem e montam peças, segundo suas preferências pessoais. Alguns são especializados em barcos, outros em bonecos, dançarinos, cobras, jacarés, pássaros, vaquinhas, aviões, rádios de pilha, televisores e a escolha deste ou daquele motivo é parte da crônica individual de cada autor ou família de autores. Depois das peças prontas, com as partes coladas e secas, é aplicado o desenho.


Os Brinquedos
Ao contrário de outras formas de artesanato da região, como as réplicas de cerâmica marajoara ou tapajônica, os brinquedos de miriti são manifestações artísticas espontâneas e reflexo da criatividade dos produtores, seja no uso de cores primárias e poucas misturas (azul, vermelho, amarelo, verde, preto), seja na forma utilizada que sempre reflete o universo caboclo, suas influências urbanas e afetivas. Os brinquedos de miriti são quase sempre exclusivos e inéditos. 


O Miriti Fest

Os brinquedos de miriti ganharam visibilidade e produção em maior escala.
Hoje, eles são a estrela principal do Miriti Fest, festival que ocorre anualmente na cidade de Abaetetuba, região de Tocantins. Divulgar e comercializar peças de artesanato, além de demonstrar a versatilidade da matéria prima, que permite sua utilização também para fins culinários, estão entre os objetivos do evento.
O evento ganhou reconhecimento estadual. A lei nº. 7.282, declarou o Miriti Fest patrimônio cultural do Estado do Pará. Reconhecido como evento de divulgação das culturas regionais e representante das tradições populares do município de Abaetetuba, a lei garante apoio anual do governo para a realização do evento.
A lei, publicada no Diário Oficial do Estado prevê ainda a inclusão da festividade no calendário oficial de eventos do Pará e a possibilidade das associações do Miriti Fest firmarem convênios que viabilizem o patrocínio da festa pelo Estado.
Um dos objetivos do Miriti Fest é resgatar a cultura do artesanato do município e preparar os profissionais para o mercado, além de transformar a atividade na principal fonte de renda do artesão da região.

O Círio de Nossa Senhora de Nazaré
O brinquedo de miriti tem sua origem perdida no tempo, embora alguns historiadores associem sua comercialização ao Círio de Nossa Senhora de Nazaré, que acontece no segundo domingo de outubro em Belém. Supõe-se que essa relação tenha surgido por ocasião do primeiro Círio, realizado em 1793, quando ocorreu a Feira de Produtos Regionais da Lavoura e da Indústria. "Começou com a idéia da venda com as canoinhas de promessas. Uma pessoa do interior, por exemplo, fez uma promessa por uma canoa dela que sumiu. Se aparecesse, ele levava uma montaria para Nossa Senhora".
Os brinquedos também são fabricados em Belém por artesãos vindos de Abaetetuba e que moram na periferia da cidade. Os artesãos são pessoas humildes e que têm alguma profissão. Mas, no período de fabricação dos produtos, eles dividem seu tempo, para que as centenas de brinquedos sejam confeccionados à tempo para o Círio. Esta arte, na maioria das vezes, é repassada de pai para filho. Eles procuram imitar a vida através da arte.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

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“Tudo vale a pena quando a alma não é pequena e os artesãos possuem uma alma gigantesca, pois superam as dificuldades do mundo capital e trazem a bandeira de uma tradição que sinaliza resistência e a persistência de continuar a atividade manual de geração a geração”.